História da estrada de ferro Paulo Afonso

Construída por ordem do D. Pedro II no final do século dezenove, a estrada de ferro  Paulo Afonso fez história por onde passou e contribuiu para o desenvolvimento dos sertões.

Sua Majestade, o Imperador, anos antes, em 1859, excursionou pelas águas do Velho Chico, a fim de colocar em prática o projeto de desenvolvimento do Brasil por meio da integração do baixo e médio São Francisco, uma vez que a navegação só era possível até Piranhas – AL, devido às cachoeiras, dentre elas a exuberante cachoeira de Paulo Afonso.

Com a implantação da estrada, tudo fluiu como se esperava, os navios a vapor carregados com passageiros e mercadorias partiam de Penedo – AL com destino a Piranhas- AL, onde lá chegando, desembarcavam pessoas e mercadorias que novamente embarcavam, dessa vez, no trem para descerem em uma de suas paradas e assim poder seguir viagem em uma segunda embarcação pelo rio acima.

O sertão de Alagoas era uma região estrategicamente importante para a integração do país ao mercado mundial através do “rio da integração nacional”, razão pela qual se construiu a ferrovia Paulo Afonso. Ela possuía o objetivo de ligar as partes navegáveis do rio, entre as localidades de Piranhas, na província de Alagoas, e Jatobá, em Pernambuco.

A mão-de-obra utilizada para a construção da via férrea veio dos famintos da seca de 1877, vindos das várias províncias do Norte do Império do Brasil, fato esse que contribuiu para o aumento populacional de toda a região.

A linha férrea era composta por oito estações, são elas: Piranhas (AL), Olho D’água do Casado (AL), Talhado (AL), Pedra (atual Município de Delmiro Gouveia – AL), Sinimbú (AL), Motoxó (PE), Quixaba (PE) e Jatobá (atual Petrolândia – PE).

Sem dúvidas, a ferrovia e suas estações são parte importante do patrimônio histórico, político e cultural de todo o Baixo São Francisco.

O trem saía de Piranhas, parava em Olho D’Água do Casado (AL), Talhado (AL), Pedra (atual Município de Delmiro Gouveia-AL), Sinimbu (AL), Moxotó (PE), Quixaba (PE) e Jatobá (PE). Partia de Piranhas e ali chegava às terças, quartas e sábados, num comboio até Pedra e outro até Jatobá, composto de até 8 vagões: 1 de primeira classe, 1 ou 2 de segunda, 1 ou 2 de grades para animais e de 1 a 3 para transporte de outras mercadorias. E isso foi o que manteve as ferrovias. Elas surgiram no Brasil durante o período da expansão cafeeira e, visando à exportação, procuravam caminhos para o mar.

Em 81 anos de funcionamento, a Estrada de Ferro Paulo Afonso, nos seus quase 116 km de percurso, ofertou trabalho para centenas de nordestinos, assim como pessoas dos mais longínquos lugares do país e profissionais das mais diversas áreas do conhecimento.

Assim, a integração dos transportes por terra e água se deu, sendo uma importante estratégia econômica, já utilizada nos Estados Unidos no século XIX, ligando centros econômicos a mercados consumidores, assegurando o escoamento da produção agrícola dos sertanejos. Dessa forma, a região que compõe o sertão do São Francisco conheceu o transporte ferroviário, causando espanto na matutada toda, uma vez que, o único carro que essa gente por aqui conhecia era o carro de boi.

Portanto, ficam os registros sonoros do apito do trem que marcou essas terras para sempre, além de trazer modernidade ao sertão.